8 de jan. de 2010

Manhattan, Friday's night.

Minha cabeca pesa uma tonelada em cima do meu pescoco. Naquele apartamento no centro da cidade me senti presa. Precisava sair. E nas ruas o silêncio. Os semáforos piscavam e as linhas de telefone nao funcionavam. Cansada de correr sob a luz da lua, um meio fio parece atraente.
O chao está congelando. Minha cabeca tombada nos joelhos, o vento frio batia na minha nuca baguncando meu cabelo. Com a cabeca já levantada abri os olhos. Ainda estava chorando. O vento gelado ainda batendo em mim, sinal de uma tempestade vinda do oceano. E eu me sinto no meio desse oceano, num pequeno e frágil barco. As luzes ao redor piscam. Você balancou e remexeu meu barco e me deixou encalhada, completamente apaixonada e sozinha. "Voce pensa em mim? Aonde estou agora? Aonde vou dormir?". É quase um grito dentro da minha cabeca. Sinto o efeito da bebida passando, nao sei se posso aguentar sóbria. Qualquer boate seria adequada agora. Entrei na primeira, e direto pro bar pedi mais uma dose de whisky. Sempre há alguém pior. O bêbado ao meu lado repetia: "O que é uma noite para uma danca? Voce sabe, eu sei dancar como uma máquina." Desejei por um momento estar no lugar dele. Com o fogo em meus ossos e o doce gosto de querosene eu fico perdida na noite, tao "alta" que nao quero descer para encarar as perdas que eu encontrei. Naquele escuro, com as luzes piscando ofuscando meus olhos eu te ouvia chamando meu nome. "Que idiotisse, esqueca!". Com o mais duro dos coracoes, eu ainda sinto dor. Mais um whisky. Alguém ao meu lado pergunta: "Voce está bem? Vi voce vindo até aqui...". Entao eu bebo, fumo e pergunto: "Você vem sempre aqui?" mesmo sabendo que eu nos conduzi para esse lugar. Sua frase continuava martelando em minha cabeca: "O tempo que passamos juntos foi tao precioso pra mim, mas enquanto isso eu estava sonhando com as festas.". "Nao, só quando quero esquecer algo." Nao entendi de inicio, depois me lembrei da pergunta que havia feito. Tomei o ultimo gole, necessitando de ar puro. "Quer sair e correr como um riacho montanha abaixo?" Ele riu. Com o vento em minhas costas, nao queria abrir os olhos. Só sei que o tempo todo você despedacou meu coracao. " E entao, o que vamos fazer agora?" Sabia que ele aceitaria qualquer sugestao, e estava satisfeita por nao sei tomada por uma enxurrada de perguntas. Ele só perguntou se eu estava bem uma vez, o que já estava de bom tamanho. "Meu apartamento está livre, lá tem mais whisky." Sabia que poderia nao ser o certo, mas o demonio em mim foi meu melhor amigo desde o inicio. A tempestade chegara, mas nem eu nem ele tinhamos algo a perder. Eu disse a mim mesma no caminho que voce se foi. Chovia tanto que parecia nevar. Os bosques pareciam escuros como a noite, pálidos como o velho luar. Todas as coisas parecias incompletas. De volta ao apartamento pequeno, achei que o ideal seria mais uma dose de whisky, mesmo estando consciente da minha situacao. Ele foi direto ao rádio, e um rock antigo e animado invadiu a sala. Resmunguei. "Somos jovens demais para nos sentirmos velhos!" ele disse dancando descompassadamente pela sala, com um copo na mao. Eu nunca chorei quando estava pra baixo, eu nunca tive medo do som. Jesus nao me ama, ninguém jamais carregou meu fardo. Eu sou muito jovem pra me sentir tao velha assim. É voce? Sou eu? Ninguém sabe, ninguém viu, ninguém além de mim.


Inspirado e (quase) copiado das musicas do Kings of Leon: Closer, Revelry e Cold Desert.

Stay awake!

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