- Uma tequila gold, por favor?
Nao fazia ideia de como aquela coisa tao pequena poderia me deixar tao bem e tao mal ao mesmo tempo. Nao estou me referindo a ela, e sim à tequila. Aquele copo pequeno era tudo que eu desejava ali. Veio a tequila, o sal e o limao. Primeiro sal, depois limao, depois tequila? Ou primeiro sal, depois tequila, e entao limao? O barman percebeu a confusao que estava na minha cabeca, olhando para o copo sem reacao. "Se me permite a dica de um profissional: Sal, limao, depois tequila." Levantei a cabeca por um minuto para ver quem tinha me dito aquilo. Olhei para o barman, dei um leve sorriso falso e sal, tequila, limao. Nao havia pedido opinioes, estava muito bem na minha divagacao individual de qual seria melhor primeiro. Eu gostava dos limoes depois, mordia todos para ficar com o gosto cítrico na boca. Observei de canto de olho a reprovacao do barman que havia me dado a dica. A garganta queimando e a cabeca girando, era bem aí que eu queria chegar. Sabia que essa seria a terceira e ultima tequila da noite. Senti uma necessidade de me desapoiar do balcao e sentar em algum lugar, mas nao tinha certeza da minha coordenacao motora. Respirei fundo, analisei o caminho que teria que percorrer até a porta, e entao até uma mesa lá fora e levantei. Meu estomago deu uma leve revirada.
Um passo, depois o outro, um passo, auxílio da parede. Parece que as pessoas tem o dom de prever quando voce desbravará o bar inteiro bebada, só para elas sairem de seus respectivos lugares, dificultando a passagem.Uma porta, e a musica alta. Se a necessidade de sentar nao fosse tao grande, ficaria ali, ondem nenhum pensamento conseguia ser mais alto que a musica. Estava gostando tanto daquilo que, por um segundo fechei os olhos. Eu conhecia aquela musica, a letra estava quase saindo pelos meus lábios. Até que alguém esbarrou em mim e me lembrou que eu nao estava em condicoes de ficar ali, muito menos de olhos fechados. "Droga!" Nao devo ter dito alto demais. Minha visao embacada nao encontrou nenhuma cara feia olhando para mim como de quem nao tivesse gostado do comentário. Mais um passo, finalmente a porta pessada e preta. O vento me aliviou, tanto que esqueci do degrau, e quase cai. Estava visível para todos ali que eu nao estava no meu melhor estado, entao nem deram muita importancia. Uma cadeira, só o que eu precisava agora. Havia uma cadeira, e eu sentei. Agora a guerra seria contra a minha propria bolsa, para achar a carteira de cigarros. Esse era um dos motivos pelo qual eu a amava tanto. Ela nao precisava de bolsa, tinha tudo que precisaria numa noite nos bolsos da calca jeans que tinha, e a unica saia que teria que se preocupar era a minha. Ela nao gostava de saia, só em outras mulheres. Mas ela fica linda com aquele jeans escuro que eu adoro. "Nao posso mais pensar nela! Cade a droga dos cigarros agora?" Coordenacao motora para tirar um cigarro e acende-lo eu ainda tinha. Havia praticado muito ultimamente. Nunca fui de fumar, só quando saia. O problema é que estava saindo todos os dias. Uma tragada, a fumaca preenchendo meus pulmoes, e novamente a vontade desesperadora de ligar para ela havia passado. Pelo menos até o final desse cigarro. Era uma noite fria, mas nao congelante. Sentia o vento batendo nos meus bracos, arrepiando minhas pernas e baguncando meu cabelo, mas nao importava.
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